Eu, um monstro social
Acordei ontem com a notícia de TRUMP Presidente.
Um alvoroço desnecessário por parte do brasileiro. Sem
hipocrisia, afirmo que comentei alguns posts de facebook na tentativa de, quem
sabe, me socializar. Isso me estranhou um pouco. Percebi naquele momento o quão
ávidos por uma aceitação nós estamos, mesmo nas redes de contatos virtuais,
independente de quais sejam (facebook, twitter, tumblr, snapchat... e tantas
outras).
Li também algo que me entristeceu.
O espancamento, porrada, socos, chutes, murros, ou como
queiram chamar, de uma aluna da UFTM (Universidade Federal do Triângulo
Mineiro), ao que parece por motivo de rixa de torcidas em um evento esportivo
que aconteceu por esses dias.
Também li o desabafo de um amigo sobre as ocupações de
escolas e Universidades do país.
Por fim vi um vídeo, de um norte americano, postado no
facebook por um amigo e que devo admitir, alegrou minha noite.
Relembrando isso tudo, me pergunto:
Sabemos o que realmente queremos??
Ou, quem sabe, nos perdemos na busca por achar esse algo
que queremos e aceitamos o que encontramos no caminho?
O quão importante é para você a aceitação dos outros?
O quanto você deixou de lado a sua essência para agradar
à pessoa ao lado? Seja essa pessoa um parente, amigo ou desconhecido.
O quanto você corrompeu a si mesmo para estar onde está
hoje?
O que essa busca incessante por agradar aos outros lhe
trouxe de bom?
Já procurou escutar o grito da sua alma aprisionada no
fundo da sua mente? O que ela grita desesperadamente? Por liberdade? Por mais
amor? Por mais compaixão? Compreensão?
Por algumas vezes procuramos tanto agradar aos outros,
que nos perdemos. Esquecemo-nos de nós, ao ponto de estarmos sufocados. E
sufocados atribuímos as consequências de nossas moléstias aos outros, enquanto
não percebemos que nós somos os culpados por calarmos nossas almas em um
calabouço sombrio no canto mais obscuro de nossas mentes e corações.
Pare um pouco e ouça aquilo que VOCÊ DESEJA!!!
A culpa das coisas ruins das nossas vidas não é culpa da Eleição de Dilma
Presidente, nem de quem apoiou o “GOLPE”, nem de quem votou em Donald Trump, ou
da Grã-Bretanha sair da União Europeia, tampouco seu pai não ter te dado grana
para ir ao show do século, menos ainda descobrir um filho(a) gay.
O problema está na imagem que queremos passar. Ser aquilo
que não queremos para nos enquadrarmos em padrões. Padrões que rejeitam
homossexuais. Padrões que dizem que para ser legal precisa frequentar shows.
Padrões que dizem que a Direita ou Esquerda estão erradas. Padrões que dizem
antes do tempo que um determinado governo ou atitude de um país, COM CERTEZA,
serão ruins. Padrões e mais padrões.
Padrões são chatos. Analisando minha linha do tempo nas
redes sociais ontem, percebi o quanto nos assemelhamos aos robôs. “Trump, trump, trump, trump, trump,
trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump,
trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump,
trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump, trump,
trump, trump, trump, trump, trump…”
Incluo-me no meio dessas replicações robóticas. Me senti
idiota. Deveria? Não sei. Por isso compartilho essa reflexão.
Não é nenhuma lição de moral, nem estou mostrando aqui
uma fonte de sabedoria a qual basta olhar para si mesmo. Apenas reflita e ache
a melhor resposta, seja ela: “Isso é tudo besteira” ou “preciso mudar urgente!”
Ao fim da tarde e início da noite, me deparei com a
postagem do americano. Ele interpreta uma música. E diz que nossos corpos são
como navios, em que nós somos os capitães. E que basta remarmos o nosso barco.
Pode dar dicas aos outros capitães de como se sair melhor em determinada
situação, mas não se pode remar o barco da vida de outra pessoa para ela. Reme
o seu sem se importar com outros. Não no sentido de que eles que se ferrem, mas
em não se intrometer onde não foi chamado, adoramos palpitar em tudo. De certa
maneira isso é um problema. As pessoas leem hoje na internet e já saem
replicando um segundo depois. Inúmeras verdades absolutas recheadas de ódio,
ignorância, impaciência, incompreensão, mentiras e tantos outros adjetivos
negativos. Alguns simplificariam dizendo que vomitamos lixo o tempo todo na
internet. Isso é verdade, mas infelizmente replicamos esses discursos em nosso
dia-a-dia, para amigos, parentes e o desconhecido do busão, o tiozinho do taxi
ou do Uber. Para quê? Com qual finalidade? Nos encaixarmos em uma gaveta
social. Como roupas, trocamos de gaveta social. Nos refinamos em determinados
momentos e decaímos em outros. E nessa mudança de gavetas esquecemos um pedaço
de nossa essência em cada uma. Quando nos damos contas criamos um monstro
social cheio de problemas e atribuímos esses problemas aos outros.
Fica a reflexão principalmente pela replicação de conteúdos que possam ser
ofensivos a alguém, pense bem antes de sair postando ou falando coisas por aí.
Deixo aqui o meu agradecimento a todos que tiveram paciência de lerem até o
final. Espero ainda ter contribuído de alguma forma para diminuir a
intolerância que praticamos no nosso dia-a-dia, muitas vezes sem perceber.
Um grande abraço a todos(as)!!
Gabriel Andrade Cunha
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