O Menino que Sobreviveu...

    Em setembro de 2022 o Blog completará 10 anos. Lá em 2012, quando comecei a escrever por aqui, percebi que blogs já eram coisa do passado. Mas ainda acredito que nunca é demais registrarmos nossas idéias nos diversos meios de comunicações disponíveis. Para tanto, após quase dez anos, continuo aqui meus registros a quem quer que interesse.

    Quando olho pra trás me lembro do menino de 22 anos com vários ideais e esperanças de um futuro melhor para o seu país, que tentava, de alguma maneira, conseguir expor suas ideias e que elas pudessem mudar os rumos da nação que, naquele momento, pareciam incertos. Com o passar dos meses... Dos anos... A inocência se esvai, como uma bacia furada perdendo seu conteúdo. E quanto mais furos mais rápido o conteúdo é perdido. Por vezes, juntamente à inocência, perdemos os sonhos e o ímpeto de lutarmos por algo melhor. Deixamos os dias frios tomarem nosso calor. Não reparamos os furos e seguimos em frente. Como adultos, por vezes, aceitamos que o mundo é assim mesmo. Que pessoas ruins controlam nossos destinos. Que sempre foi assim e sempre será. Imaginamos que por vezes gritamos aos surdos. Por outras vezes indagamo-nos se o grito que demos não foi apenas uma ilusão e na verdade nós é que somos mudos e ninguém é capaz de nos ouvir. Ou será que se tem tantas pessoas gritando mais alto do que nós, quem sabe se utilizando de megafones, enquanto nós timidamente sussurramos para algumas, quando muito, dezenas de pessoas? Vamos ser otimistas né? Para algumas centenas quem sabe...

    Por algum tempo (anos) me questionei em qual momento durante a nossa transição na vida adulta perdemos o ímpeto e a vontade de mudar as coisas que julgamos serem erradas e simplesmente aceitamos que as coisas como elas são. A única resposta que achei dentro de mim é que essas vontades minhas não morreram e nem desapareceram. Não sei a de vocês, nem em que momento de vida vocês estão, mas a mim parece apenas que substituímos algumas prioridades e aquilo que parecia ser tão importante e urgente parece poder esperar e fica por ali adormecido. Mas vamos esperar por quanto tempo? Até que alguém nos convoque para uma luta que faça sentido? Quando e como haverá sentido em lutar novamente? Ou será que podemos lutar um pouco a cada dia? Será que um sussurro pode se multiplicar em mais sussuros e se tornarem tão altos quanto alguém gritando com um megafone? Creio que sim!

   

    Percebi que o menino que vivia em mim 10 anos atrás não morreu, ele sobreviveu. Porém, está atordoado ou adormecido pelas pancadas que levou, ou talvez esteja extasiado com a velocidade dos acontecimentos que a vida nos trás. Acredito que esteja passando da hora de acordá-lo ou arranca-lo de um delírio qualquer, afinal, nesse ano mais que especial, tive a felicidade de ganhar um filho. Isso sem dúvidas me colocou, mais do que nunca a pensar em que tipo de mundo eu gostaria de deixar pra ele. Antes era apenas uma frase clichê que dizia “que tipo de mundo deixaremos para os nossos filhos...” e agora vivo de fato e entendo o que significa essa frase, mas não gostaria de agir de forma clichê quanto ao que de fato eu posso fazer para construir um mundo melhor aos filhos que nós deixaremos nesse mundo, afinal eles merecem que possamos construir algo melhor do que o recebemos...

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